quarta-feira, 3 de novembro de 2010

PLANEJAR: por quê?

A questão por que planejar parece ter resposta óbvia: Planeja-se porque "não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde navega". Na prática, no entanto, a questão do planejamento no contexto escolar não parece ter a importância que deveria ter. Há quem pense que já está planejado nos livros-texto ou nos materiais adorados como apoio ao professor. Há, ainda, quem pense que sua experiência como professor seja suficiente para ministrar suas aulas com eficiência. No entanto, acreditamos que qualquer atividade de nossa vida exige, de uma forma ou de outra, um planejamento. Se decidirmos fazer uma viagem, planejamos para onde, em que condições e com que recursos. Se desejarmos trocar de carro, fazemos o mesmo: por que, em que condições e com que recursos. Até um simples passeio exige um planejamento: por que, em que condições e com que recursos.
Pelas mesmas razões o professor precisa planejar sua atividade pedagógica, procurando responder às perguntas: por que, em que condições e com que recursos.. Na resposta ao por quê?, focamos a situação complexa a ser compreendida e os objetivos a serem alcançados. Nas condições, procuramos prever estratégias que pretendemos seguir para alcançar os objetivos. Nos recursos, planejamos o que precisamos de elementos de apoio para realizar com sucesso o que foi planejado. Por isto, consideramos o planejamento pedagógico como uma situação complexa para a qual o professor precisa desenvolver sua competência.
Com relação ao planejar podemos afirmar o seguinte: o planejamento é um roteiro de saída, sem certeza dos pontos de chegada. Por esta razão todo planejamento busca estabelecer a relação entre a previsibilidade e a surpresa.
Na base dessas afirmações está o conceito de que nenhuma situação complexa é igual a outra, ou seja, o planejamento deverá considerar que cada relação sempre terá os componentes da incerteza, da singularidade e do conflito de valores. Foi por esta razão que afirmamos acima ser o planejamento pedagógico um roteiro da saída sem certeza da chegada.
Esta relação entre previsibilidade e surpresa pode levar o educador a uma certa descrença na importância do planejamento: "Se não tenho certeza do que irá ocorrer", pensa o cético do planejamento, "vou confiar na minha capacidade de improvisação e vou para a aula confiante em minha experiência profissional", A quem pensa desta forma, poderemos argumentar. "Também é verdade que não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde navegar" ou seja, quanto melhor for o roteiro de saída, maior será a probalidade de sucesso na solução de situações-problema previstas como chegada.
A experiência do professor é um ingrediente importante para um bom planejador. A capacidade de flexibilização também. Mas há uma ideia-chave que deve estar na base do bom planejamento: cada situação complexa é singular/única; a cada ano os alunos são outros, o contexto social é diferente, as tecnologias de apoio são mais aperfeiçoadas e o próprio professor, de um ano para outro, não é o mesmo.

Planejar: quem para quem?

Quem planeja é o professor, para oportunizar condições que favoreçam a melhor aprendizagem do aluno. Ao planejar, o professor precisa considerar alguns componentes fundamentais:
O professor precisa conhecer-se do ponto de vista de sua própria personalidade: é introvertido? extrovertido? auditivo? visual? cinestésico? Esse conhecimento é importante para a escolha de estratégias pedagógicas, cujo processo ou fracasso poderá depender de suas características psicossociais.
O professor precisa conhecer seus alunos, com suas características psicossociais e cognitivas. O professor pode fazer o plano para uma aula de ciências e executá-lo para uma turma de 6ª série A, mas, ao executar o mesmo plano para a turma da 6ª série B, poderá frustrar-se com o fracasso. O princípio parece ser simples: cada aluno é cada aluno e cada turma é cada turma.
O professor precisa conhecer a epistemologia e a metodologia mais adequadas às características de sua disciplina. Há estratégias que são mais adequadas às aulas de ciências da natureza e que podem não ser eficazes para as aulas das ciências do humano.
O professor precisa conhecer o contexto social de seus alunos. Este conhecimento o levará a identificar as situações complexas relevantes para o grupo singular de seus alunos e escolher as estratégias contextualizadas que favoreçam a aprendizagem significativa.
Livro: Planejamento - Planejando a educação para o
desenvolvimento de competências
Vasco Pedro Moretto
Editora Vozes

Um comentário:

  1. Suas orientações foram ótimas... Um abraço. Wanda Silva. Minas Gerais,Ipatinga.

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