quarta-feira, 6 de março de 2013

8 de março

 Dia da Mulher

Histórico

                O Dia Internacional da Mulher é comemorado desde o início do século 20. Em 1975, durante o Ano Internacional da Mulher, a Organização das Nações Unidas fixou a data em 8 de março. Desde então, esse é o dia escolhido para lembrar o longo caminho na conquista de direitos, obtidos por meio de lutas a que mulheres do mundo todo se dedicaram.
                Mas qual o motivo de se comemorar a data em 8 de março? Essa origem possui versões distintas: uma disseminada mundialmente (mas com pouca fundamentação em documentos históricos) e outra mais polêmica (quase esquecida, mas com uma série de” provas”).
                A versão mais aceita conta que em 8 de março de 1857, em Nova Iorque, um incêndio criminoso matou 129 operárias, empregadas em uma indústria têxtil, que protestavam com a excessiva carga de trabalho, os baixos salários (três vezes menor que os dos homens) e as péssimas condições de trabalho. Para conter a manifestação a polícia e os patrões teriam trancado as portas da fábrica e colocado fogo no prédio, queimando todas as manifestantes. Essa é a versão que embasou as lutas de feministas nas décadas de 1960 e 1970 e que serviu de inspiração para a criação a data oficial pela ONU, pela Unesco (em 1977) e pelo prefeito de Nova Iorque (em 1978).

                Nos últimos 20 anos, no entanto, pesquisas têm apontado que o incêndio de 1857 nunca ocorreu. A pesquisadora canadense Renée Cóté deu início às discussões ao lançar, em 1984, o livro O Dia Internacional da Mulheros verdadeiros fatos e datas das misteriosas origens do oito de março, até hoje confusas, maquiadas e esquecidas. Na obra, a autora explicava que não encontrou em nenhum arquivo dos Estados Unidos, da Europa e do Canadá qualquer referência à greve de 1857. Nem os jornais da época comentaram o fato. A pesquisa defende (assim como muitos outros estudos viriam a defender depois) que o incêndio criminoso foi um mito criado juntando diversas greves que ocorreram no início do século 20 com o incêndio que ocorreu em 25 de março de 1911, em Nova Iorque, matando 146 pessoas, entre mulheres e homens.
                O primeiro registro a respeito do incêndio de 1857 ocorreu em 1966, em uma publicação da Federação das Mulheres Comunistas da Alemanha Oriental. De lá para cá, o mito foi consolidado e novos fatos foram acrescentados por diversas entidades.
                Ultimamente tem-se defendido a teoria de que um dia dedicado às mulheres começou a ser comemorado nas organizações socialistas ao redor do mundo, a partir de 1909, sempre em datas próximas ao 8 de março. Um deles, ocorrido em 1917, serviu de estopim para a Revolução Russa. No Ocidente, o Dia Internacional da Mulher foi comemorado nas décadas de 1910 e 1920, mas o surgimento do nazismo na Alemanha, o triunfo do stalinismo na URSS, o declínio da social-democracia europeia e o início da Segunda Guerra Mundial enterraram as manifestações das mulheres. Somente nos anos 1960, o feminismo ganharia novo fôlego e todas as questões de igualdade entre gêneros voltariam à tona.
                A discussão a respeito da origem da data já gerou muita polêmica e não será concluída tão cedo. Independentemente disso, é importante valorizar cada vez mais o 8 de março para refletirmos as relações que estabelecemos em nossa sociedade e para lutarmos por condições iguais entre os sexos. Afinal a exploração e a violência contra as mulheres ainda está longe de ter um fim.

A mulher na sociedade: entre sempre e jamais

“Assim, incansavelmente, insubornavelmente, entre sempre e jamais, flui a vida insone, passam os grandes olhos abertos da vida.”
(Mario Benedetti)

                Assim como diz o poeta é a vida das mulheres que lutam cotidianamente, através dos séculos, por seus direitos. Luta permanente e incansável entre sempre e jamais. Entre sempre buscar a felicidade e o respeito, e jamais desistir; entre sempre buscar a justiça, e jamais desistir do reconhecimento de seu papel na sociedade. Mas é justamente entre os sempres e os jamais que as mulheres constroem a história, junto om os homens, de uma civilização que caminha por trilhas muitas vezes perigosas.
                Mas qual é o balanço dessas idas e vindas na vida das mulheres? Quais foram as conquistas mais importantes? Quais são as lutas que ainda permanecem? Quem são como trabalhadoras? Qual é sua participação política na sociedade?

Conta a história...
                A situação de submissão das mulheres é um fenômeno histórico. Essa constatação nos faz entender que não existe uma predestinação na qual a mulher é inferior ao homem. No início da sociedade humana, a organização se dava de maneira tal que as mulheres possuíam uma importância ímpar na consolidação do grupo, tendo lugar de destaque sem que fosse necessária a exclusão ou submissão do papel dos homens. Foi com o desenvolvimento da sociedade humana, e mais precisamente com o surgimento da propriedade privada (e com ela a disputa pelo direito de herança) que se estabeleceu a hierarquia entre os seres humanos. Nesta estrutura hierárquica, as mulheres foram subjugadas ao poder dos homens.
                Com o passar dos tempos, as coisas mudaram. O século 19 trouxe consigo novas necessidades e, com elas, novas relações sociais se estabeleceram. Com a Revolução Industrial inglesa, o ingresso das mulheres no mundo do trabalho foi inevitável para a crescente acumulação de riqueza da burguesia nascente. Já no século 20, com as duas Guerras Mundiais, em virtude do número reduzido de homens para o trabalho nas indústrias, aumentou significativamente o trabalho das mulheres nas fábricas e em outros setores da economia do Ocidente. Junto a essas alterações de ordem econômica, surgiram os grandes movimentos políticos e culturais dos anos 1960, que discutiam questões como os direitos das minorias e, dentre elas, as mulheres.

Direitos a serem conquistados
De lá para cá, as lutas e as conquistas ganham novas dimensões. As mulheres do final do século 20 e do início do século 21 são aquelas que executam extensas jornadas de trabalho – uma jornada fora do ambiente doméstico e outra quando retornam para casa. Na maior parte dos países de Terceiro Mundo, seus ganhos econômicos são essenciais para a manutenção da família, e muitas dessas mulheres sustentam sozinhas suas famílias, sem compartilhar com um homem essa tarefa.
                O papel das mulheres para a construção da riqueza é extremamente importante, mas, sem dúvida, seus direitos ainda são desrespeitados. As diferenças essenciais entre homens e mulheres, típicas da própria constituição de cada sexo, são interpretadas como desigualdades; desigualdades em direitos, em atenção às especificidades. Para isso, basta ver o trágico exemplo ocorrido no estado do Pará, em 2007. Uma jovem com menos de 18 anos foi presa e colocada em uma cela com diversos homens, sendo que alguns deles estavam presos justamente por crime de estupro. Onde estão os direitos?
                Mesmo assim, as mulheres lutam sempre com conquistas no cenário político, no mercado de trabalho, nas relações entre homens e mulheres, sem jamais perder de vista que todas as relações são historicamente construídas. É necessário demarcar a diferença que existe nas conquistas das mulheres de acordo com sua situação socioeconêmica. Os indicadores de inserção do mercado de trabalho demonstram que, em uma escala de preferência para a mesma função, a disposição ocorre da seguinte forma: em primeiro lugar um homem não negro, depois um homem negro, depois uma mulher não negra e, por último, uma mulher negra. Além da questão de gênero, está posta na sociedade ocidental a questão de classe e a questão étnica.
                É importante compreender essas tramas históricas, pois só assim será possível relembrar sempre as árduas conquistas das mulheres do século 19 que lutavam por condições dignas de trabalho e jamais esquecer aquelas que morreram por esses direitos.

Ruth Ignacio, socióloga, professora na PUCRS, Porto Alegra, RS.
Artigo publicado no jornal Mundo Jovem, n. 384, p.11

Questõs para debate
1.       Em que atitudes e conceitos, no nosso dia a dia, podemos constatar que ainda existe discriminação da mulher?
2.       Qual é o caminho para apagar discriminações que são históricas na nossa sociedade?
3.       A educação que nós damos às crianças garante a concepção de igualdade entre homem e mulher?





Fonte: Livro Datas Comemorativas – Textos, poesias
E dinâmicas para celebrar a vida

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